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18 de Abril de 2024
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    Clipping: Torcedores em paz

    há 11 anos

    A ação integrada entre Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública e Polícia, para garantir a segurança de torcedores que vão comparecer ao Mangueirão, nos próximos dois domingos, para assistir aos jogos entre Remo e Paysandu, que decidirão o primeiro turno do Campeonato Paraense, é necessária e primordial. E há muito tempo que já se impunha.

    Infelizmente, deslizaram para os desvãos da memória os tempos em que os estádios eram frequentados apenas por torcedores.

    Da mesma forma, tornam-se cada vez mais remotas as lembranças de quem frequentava estádios com a certeza de que voltaria são e salvo para casa.

    Com a violência generalizada, entraram em campo - quase literalmente - as ditas torcidas organizadas. E pronto: acabou-se o que era doce, ou melhor, acabou-se o que antes era paz, o que antes era pura e simples diversão, o que antes era apenas um momento de prazer desfrutável num ambiente público, mas inteiramente seguro.

    As providências anunciadas para o Re-Pa, incluindo o funcionamento de uma estrutura mínima de Juizados Especiais itinerantes, que deverão condenar imediatamente quem afrontar o Estatuto do Torcedor, poderão desestimular a ação de gangues que ostentam camisas e adereços relacionados aos dois maiores clubes de futebol do Pará e, sob a justificativa de suas paixões, saem por aí, depredando coletivos, promovendo batalhas campais no entorno dos estádios e atentando contra a vida de inocentes.

    Quem foi que disse a esses elementos, muitos deles com alentadas fichas corridas preservadas nos arquivos da polícia, que o extravasamento de paixões clubísticas implica disseminar a violência?

    Quem disse aos membros das ditas torcidas organizadas que a simpatia por um clube de futebol exige nutrir sentimentos de ódio - agressivo, mortal - pelos simpatizantes do time adversário?

    Quem foi que disse a esses bandos que insistem em travestir-se de torcedores que eles estão a priori absolvidos de suas selvagerias, apenas porque as praticam movidos por paixões?

    Se alguma instância já expendeu algum juízo sobre as hordas dos estádios, essa instância foi o Poder Judiciário.

    Há mais de sete anos, uma sentença judicial prolatada na Comarca de Belém tornou proscritas duas ou três dessas ditas torcidas organizadas. Até onde se sabe, não houve nem sequer recurso contra a decisão de primeira instância, que assim transitou em julgado.

    Sentenças com trânsito em julgado fazem lei entre as partes. Ou seja: proscritas as torcidas, não havendo mais recursos e tomando-se por definitivo o pronunciamento judicial, a polícia está autorizada a agir, dentro da lei e no limite das restrições impostas na sentença, para reprimir os transgressores.

    Surpreendentemente, no entanto, os bandos que se fantasiam de torcedores contaminaram-se daquela velha concepção de que as sentenças judiciais, como as leis, foram feitas para ser descumpridas.

    Ousadamente, os bandos travestidos de torcidas organizadas acreditaram que a impunidade sempre vence.

    É de se esperar que o esquema integrado, a ser posto em prática em Belém, nos próximos dois domingos, garanta a tranquilidade e a segurança dos verdadeiros torcedores, que anseiam por paz nos estádios.

    É de se esperar a proibição do uso de artefatos como o sinalizador que, na última quarta-feira, lançado por torcedores do Corinthians durante jogo no interior da Bolívia, acabou atingindo um adolescente de 14 anos, que morreu instantaneamente, com perda de massa encefálica.

    Uma fatalidade? Sim, pode ter sido uma fatalidade.

    Mas não haveria fatalidades assim se os sinalizadores já tivessem sido bandidos dos estádios.

    Não haverá fatalidades de qualquer natureza se a repressão legal distinguir exatamente bandidos de torcedores, torcedores de bandidos.

    Fonte: Jornal O Liberal.

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    Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/clipping-torcedores-em-paz/100355911

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